domingo, 12 de março de 2017

ATIVIDADES COM GRAUS DE FORMALIDADE DA LINGUAGEM - 3° ANO ENSINO MÉDIO

NÍVEIS DE FORMALIDADE E VARIANTES LINGUÍSTICAS
A linguagem pode ser mais ou menos formal dependendo da situação.  Neste capítulo, o que são os níveis de formalidade, estrangeirismos e neologismos e ainda vai entender mais sobre o emprego de gírias e regionalismos.

LÍNGUAGEM FORMAL E LINGUAGEM INFORMAL
 A linguagem formal pode ser oral ou escrita.  É geralmente empregada quando nos dirigimos a um interlocutor com quem não temos proximidade: solicitação de algo a uma autoridade, entrevista de emprego, por exemplo.  A polidez e a seleção cuidadosa de palavras são suas características marcantes.
 A linguagem formal segue a norma culta.  É usada em situações formais, como correspondência entre empresas, artigos de alguns jornais e revistas, textos científicos, livros didáticos.
A linguagem informal também pode ser oral e escrita.  É geralmente empregada quando há um certo grau de intimidade entre os interlocutores, em situações informais, como na correspondência entre amigos e familiares.
A estrutura da linguagem informal é mais solta, com construções mais simples, e permite abreviações, diminutivos, gírias e até construções sintáticas que não seguem a norma culta.  Lembre-se de que usar essa linguagem não significa que o emissor não saiba (ou não possa) se comunicar de outra forma quando necessário.
                                              
ESTRANGEIRISMOS
 A forte influência que algumas culturas exercem sobre outras pode ser percebida no vestuário, na culinária, na música, no cinema e também no comportamento.  Na língua, pode se manifestar pelo emprego de estrangeirismos.
Algumas palavras são empregadas até hoje sem modificar a forma original ou a pronúncia, mesmo existindo o termo aportuguesado.  Por exemplo:  usa-se omelete, vitrine, nuance, vindas do francês – e não omeleta, vitrina e nuança.
Uma palavra – hoje considerada estrangeirismo – pode, com o tempo, ser incorporada ao cotidiano do falante e ao vocabulário da língua.  Foi o que ocorreu com lanche e futebol: essas palavras, assimiladas do inglês (lunch e football), eram estrangeirismos quando começaram a ser utilizadas e agora fazem parte do vocabulário da língua portuguesa.
Atualmente, observa-se o uso cada vez mais frequente de estrangeirismos, o que em geral tem relação com a globalização dos meios de produção e da economia.  Termos como design, case, job deadline, show etc. Estão presentes na TV, no rádio, na mídia impressa e na internet.
No entanto, nem sempre o uso do estrangeirismo comunica ou traduz o que pretende o emissor. No texto a seguir, você pode observar tanto usos funcionais quanto equivocados desse recurso linguístico.

NEOLOGISMOS
Os neologismos ocorrem quando o falante necessita expressar uma ideia mas não encontra uma palavra com significado adequado na língua.  Nesses casos, o falante recorre a uma palavra em outra língua, cujo significado expressa bem a ideia. Os neologismos ocorrem também quando o falante usa uma palavra com um sentido novo, diferente do significado original.
Algum tempo após o seu uso informal, alguns neologismos são incorporados aos dicionários, isto é, são dicionarizados.
Na literatura e na música, os neologismos são utilizados sem restrições em razão da licença poética de que dispõem os escritores e os compositores e, também, porque o próprio “fazer literário” usa as palavras de forma distinta daquela com que é utilizada no senso comum e amplia os recursos expressivos possíveis.

GÍRIAS
As gírias nascem num determinado grupo social e passam a fazer parte da linguagem familiar de várias camadas sociais.  Podem também ser constituídas de estrangeirismo e neologismos.
O processo de formação de gírias inclui metáforas, truncamentos, sufixação, acréscimo de sons ou sílabas, e, às vezes, palavras de baixo calão.  Por exemplo: nas frases “Está um sol de chapar o coco!” e “Não esquente a moringa com isso”, as gírias são formadas com base em metáforas – coco e moringa estão no lugar de cabeça; chapar quer dizer “esquentar”, e esquentar, na segunda frase, significa “preocupar”.
A gíria pode revelar a idade do falante.  Uma pessoa de 50 anos provavelmente sabe o significado destas gírias: “boco-moco”, “cafona”, “careta”, “joia”, “é uma brasa, mora”, “prafrentex”. Um jovem sabe o que é “parada sinistra”, “pro “responsa”, “mó legal” e “da hora”.
A gíria também é conhecida como jargão quando se refere à linguagem peculiar usada por quem exerce determinada profissão.  Veja estes exemplos do jargão da área de economia e finanças: quase moeda (o mesmo que depósitos de poupança, títulos emitidos pelo governo etc.), duopólio (mercado no qual só há dois vendedores), boom (fase de aumento significativo no número de transações no mercado de ações).

REGIONALISMOS
No Brasil, a influência de várias culturas deixou na língua portuguesa marcas que acentuam a riqueza de vocabulário e de pronúncia.  As diferenças na nossa língua não constituem erro, mas são consequência das marcas deixadas pelas línguas originais que entraram na formação do português falado no Brasil, no qual estão presentes sobretudo elementos de línguas indígenas e africanas, além das europeias, como o francês e o italiano.
Existem diversas variantes linguísticas quanto à forma de expressão escrita e falada de acordo com as regiões em que as pessoas vivem.  São os regionalismos linguísticos, que diferem quanto ao sotaque ou pronúncia de cada região.
Um mesmo objeto pode ser nomeado por palavras diversas, conforme a região.  Por exemplo: “pipa” ou “papagaio”, no Rio Grande do Sul, se chama “pandorga”; “semáforo” pode ser designado por “farol” em |São Paulo, e “sinal” ou “sinaleiro” no Rio de Janeiro.

EXERCÍCIOS
Desabafo
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).

1-Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois
a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.
d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação. 

Alternativa “b”. É possível observar que a atitude do enunciador sobrepõe-se àquilo que está sendo dito, com predominância da função emotiva da linguagem, já que a mensagem está voltada para aspectos subjetivos do enunciador.

2- A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à ampliação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali. Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado. In: Cadernos de Letras da UFF, n. 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
b) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.

A alternativa “e”, a opção correta, revela o ponto de vista da autora ao afirmar que os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística, ou seja, segundo ela, defender a pureza da linguagem de maneira limitada só revela um conhecimento deficiente da língua.


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